→ Infecções
Bactérias habitam praticamente todos os ambientes na natureza. São organismos unicelulares, com raras exceções, visíveis apenas com a ajuda de um microscópio. A grande maioria vive em harmonia com outros organismos compondo a microbiota de plantas e animais; algumas espécies são benéficas para o hospedeiro e algumas, porém, são
patogênicas (isto é, causadoras de doenças). São muitas as características importantes para descrever e classificar estes
microrganismos, entre elas a presença de parede celular rígida. Característica esta válida de menção pois vamos explorar o gênero Mycoplasma cujos representantes não possuem parede celular, além de serem considerados as menores bactérias já descritas.
• Mycoplasma pulmonis: uma espécie comensal portada por praticamente todos os ratos pet que coloniza a superfície do lúmen do epitélio respiratório.
• Micoplasmose murina: doença causada por Mycoplasma pulmonis, que é responsável por infecções respiratórias e genitais em ratos pet.
◦ Sintomas podem variar de acordo com a virulência da bactéria e o local de infecção. Além disso, como esta é uma doença de curso crônico e não agudo, há uma tendência dos sintomas tornarem-se pior conforme o rato envelhece. De modo geral, os sintomas podem incluir:
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podem vir acompanhados de infecção no ouvido (cujo principal sintoma é cabeça inclinada e desorientação);
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incluir: postura curvada, perda de peso, e mudanças no comportamento devido à doença (o animal pode começar a morder e se tornar mais arisco, além de também passar a evitar o dono ou ficar mais quieto).
◦ Por não produzirem parede celular como a maioria das bactérias, há uma certa dificuldade envolvida no tratamento de infecções decorrentes desta espécie.
Antibióticos da família das penicilinas e cefalosporinas (cujo propósito é atacar a parede celular bacteriana) são completamente ineficazes contra micoplasmas, aopasso que antibióticos desenhados para inibir a síntese protéica, como por exemplo, antibióticos a base de aminoglicosídeos (gentamicina) ou macrolídeos (azitromicina e eritromicina) e aqueles pertencentes ao grupo das tetraciclinas (doxiciclina - bacteriostático), ou que desativam enzimas bacterianas, como do grupo das fluoroquinolonas (enrofloxacina - bactericida), são extremamente eficazes.
◦ Micoplasmas são altamente hospedeiro-específicos e contagiosos através de contato direto entre ratos adultos, além também de haver contágio intrauterino e através do sexo. Não há evidência de que haja contágio cruzado entre humanos e ratos, M. pulmonis causa doenças em ratos e camundongos e M.pneumoniae causa doença em humanos.
◦ Entre os fatores que contribuem para exacerbação da doença, podemos citar:
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◦ Apesar de não haver cura definitiva para esta doença, incentiva-se que existam cuidados extras com a saúde do animal para que os sintomas possam ser tratados de maneira eficaz e o animal possa viver uma vida confortável.
◦ É importante não interromper o tratamento com antibióticos antes do fim, também nunca deixar passar o horário de aplicação e sempre garantir que está dando a dose correta.
◦ Para ratos em tratamento é de extrema importância que estejam se mantendo hidratados e alimentados corretamente e com qualidade.
◦ O animal pode ser mantido no alojamento com compania, a não ser que haja competição por comida. Se o animal estiver muito doente, é normal que os companheiros de alojamento pareçam estar “rejeitando”. Na natureza ratos podem ser presas fáceis, portanto, a colônia costuma abandonar os que adoecem em nome
do bem maior. Se isso acontecer, separe o animal que está doente para poder tratá-lo com mais atenção e garantir que ele está se alimentando e se mantendo hidratado.
*Nota adicional: em casos de infecção genital (micoplasmose murina genital), Mycoplasma pode causar piometra ou
endometrite purulenta (inflamação na parede uterina), salpingite (inflamação nas trompas de falópio), e periooforite
(inflamação nos ovários). Os sintomas variam desde quase imperceptíveis até distensão abdominal e sinais de secreção
com cor de sangue proveniente do útero. Hematúria (urina com cor de sangue) pode acontecer concomitantemente
devido à infecções urinárias.
Referências
Donnelly TM. Symposium Konijnen & Knaagdieren (Rabbit & Rodents Symposium). Held November 27-29,
2008, Burgers Zoo, Arnhem, Netherlands. Proveto, Utrecht, Netherlands (2008). What are treatment options for
Mycoplasma pulmonis in rats?
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link=Infectious_Causes_of_Chronic_Inflammatory_Diseases_and_Cancer.htm.
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Care Med., 150(5), 1391-1401.
McDonald, D. (2001). Angiogenesis and Remodeling of Airway Vasculature in Chronic Inflammation. Am. J.
Respir. Crit. Care Med., 164(10), S39-S45.
http://ratguide.com/health/bacteria/mycoplasma_mycoplasmosis.php
• Bacillus CAR é um bacilo que coloniza o epitélio ciliar do trato respiratório (TR) (pulmões, traquéia, laringe, e
passagem nasal). É classificada como bacilo pela forma circular alongada e possui parede celular de três
camadas. Ainda não foi atribuído a nenhuma espécie.
◦ Os sintomas são muito similares aos sintomas de micoplasmose incluindo dificuldade respiratória, perda
de peso, postura curvada, chiado ao respirar, letargia, excesso na produção de porfirina e, em alguns casos,cabeça inclinada.
◦ Também como micoplasmose, é possível que a bactéria colonize o TR de maneira assintomática.
◦ É transmitida pelo contato direto entre ratos e pode ser altamente contagiosa.
◦ CAR bacillus pode agir como patógeno primário e resultar em doença respiratória progressiva crônica.
Tipicamente, pode ser considerado como um co-patógeno em associação com M. pulmonis, podendo aumentar a severidade da micoplasmose.
◦ Assim como micoplasmose, antibióticos vão auxiliar no controle populacional da bactéria e dos sintomas, porém não irá erradicar o patógeno. Não há antibióticos específicos para o tratamento dessa doença, portanto, recomenda-se que sejam usados antibióticos de amplo espectro (especialmente por que CAR bacillus acontece em conjunto com micoplasmose tão frequentemente).
◦ Os cuidados gerais devem ser os mesmos como descritos para micoplasmose.
Referências
Kendall, L., Riley, L., Hook, R., Besch-Williford, C., & Franklin, C. (2000). Antibody and cytokine responses
to the cilium-associated respiratory bacillus in BALB/c and C57BL/6 mice. Infect Immun, 68(9), 4961-7. Retrieved
December 21, 2008, from the PubMed database.
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(1991). Companion Guide to Infectious Diseases of Mice and Rats. Washington D.C.: National Academy Press.
Cundiff, D., Besch-Williford, C., & Riley, L. (1992, October 1). A Review of the Cilia-Associated Respiratory
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http://info.criver.com/flex_content_area/documents/rm_rm_r_cilia_assoc_respiratory_bacillus.pdf.
http://ratguide.com/health/bacteria/car_bacillus.php
→ Alergias
A inflamação da passagem nasal e dos seios faciais (rinite e sinusite respectivamente) e/ou conjuntivite dos
olhos em resposta a um antígeno inalado, internalizado e depositado na superfície das membranas.
• Os sintomas mais comuns incluem espirros em excesso, coceira nasal, porfirina em excesso e inchaço da
mucosa nasal.
• Alergias são sinais complexos que resultam da reação de anticorpos do tipo IgE (imunoglobulina tipo E) à
apresentação de um antígeno.
Tipicamente, o sistema imune responde a substâncias estrangeiras através da produção de anticorpos que identificam essas substâncias. O processo de “apresentação de antígeno” é o que auxilia nosso organismo a reconhecer e combater infecções. Sendo assim, chamamos de alergia a reação do sistema imune devido reconhecimento de algo inofensivo como algo passível de causar infecções. Nessa reação, o anticorpo liga-se ao antígeno e é liberada uma substância (histamina) que media a resposta
inflamatória. A ação da histamina resulta no extravazamento de fluídos nos tecidos e, por isso, inchaço nasal e dos seios da face, além de congestão, irritação, coceira, espirros e porfirina.
• Algumas substâncias que podem causar alergia em ratos:
◦ poeira resultante da forração do alojamento
◦ fumaça próximo ao alojamento (donos jamais devem fumar perto dos seus animais)
◦ produtos de limpeza com fortes odores
◦ forração com aromatizadores
◦ perfumes corporais, loções hidratantes ou produtos capilares com cheiros fortes
◦ exposição a correntes de ar (ventiladores e ar condicionado)
◦ exposição a pólens.
• O problema afeta principalmente a via aérea superior e tende a se resolver rapidamente assim que a causa é
resolvida. Porém, reações alérgicas podem desencadear o aumento na produção de muco, o que pode acabar
criando um ambiente propício para o crescimento bacteriano levando a infecções mais sérias.
• O tratamento mais eficaz é remover a causa da alergia. Porém, quando não se encontra a causa da alergia, é necessário consulta com um profissional para que possam ser administrados anti-histamínicos.
• Em casos prolongados, é importante entender que alergias causam ressecamento das vias aéreas. Portanto, é
aconselhável que se faça uso de umidificadores de ar e/ou promover nebulização com soro fisiológico.
Referências
Jeon, S., Kim, J., Kim, E., Ahn, S., & Kim, B. (2005). Rat model of platelet-activating factor-induced
rhinosinusitis. Ann Otol Rhinol Laryngol, 1114(5), 393-8.
Oglesbee, B. L. (2011). Blackwell’s Five-Minute Veterinary Consult: Small Mammal (2nd ed.). Chichester,
West Sussex: Wiley-Blackwell.
Sugimoto, Y., Kawamoto, E., Chen, Z., & Kamei, C. (2000). A new model of allergic rhinitis in rats by topical
sensitization and evaluation of H1-receptor antagonists. Immunopharmacology, 48(1), 1-7.
http://ratguide.com/health/upper_respiratory/allergic_rhinosinusitis_allergic_rhinoconjunctivitis.php
Texto desenvolvido por nossa bióloga Natasha Ruschel Soares
Publicado originalmente no Facebook em 29 de Dezembro de 2017.