sábado, 24 de junho de 2017

Grooming no grupo



Os cuidados com a pelagem são essenciais na sociedade de ratos. Tal como acontece com a maioria dos outros animais sociais, é usado para manter os laços no grupo, mostrar afeto ou dominância e conhecer melhor um ao outro. Também serve para ajudar a manter o grupo saudável, cuidando de partes no corpo que o outro rato não consegue alcançar por conta própria, além de garantir que o grupo como um todo não tenha uma infestação de parasitas. Ratos geralmente se concentram em fazer grooming na região da cabeça, ombros e pescoço, pois são os lugares mais difíceis de alcançar para um rato sozinho. O “power grooming” (de dominância) normalmente é feito na barriga ou no flanco, geralmente combinado com alguns gritos de protesto do rato alvo do grooming. Isso não é tanto pela dor, e sim pela subordinação e não deve ser interrompido, a menos que existam gritos mais sérios (neste caso, leia Brigas, agressão e comportamento dominante).

Ratos fazem grooming em qualquer um que considerem parte de sua família, incluindo humanos e outros animais com os quais se relacionam. Isso pode ser muito agradável e, no mínimo, faz bem ao ego. Às vezes, pode ser um pouco doloroso na nossa pele, como coçar demais o mesmo lugar. Enquanto os ratos têm pelo para protegê-los das mordidinhas durante o grooming, a pele dos humanos não é projetada para uma limpeza excessiva. Mesmo assim, é difícil encontrar um tutor que se negue a ser alvo de um belo grooming. Normalmente, é uma experiência gostosa tanto para humanos como para ratos, em especial se você tem um rato que goste de fazer um bom cafuné.


Grooming de dominância

Esta é uma das formas de um rato mostrar dominância sobre outro, geralmente começando por uma imobilização do rato-alvo: o rato dominante segura o outro, geralmente de costas para o chão, e começa a limpar loucamente a barriga, o lado do corpo ou a garganta. A vítima normalmente solta pequenos gritos (pips) e resiste, mas eventualmente se entrega. Depois de um tempinho, o rato dominante segue adiante, muitas vezes para limpar a si mesmo. O grooming de dominância também pode ser feito em um rato em pé. Nesta situação, o pescoço, ombro e cabeça são muitas vezes as regiões escolhidas. Este tipo de grooming é bem diferente dos cuidados mais sociais, já que a vítima tem pouca escolha no assunto e a limpeza é feita num ritmo frenético, ao invés de uma abordagem mais lenta e cuidadosa. Ratos que resistem podem ser intimidados via mordidas, chutes ou imobilização até se submeterem.


Pedindo/ exigindo grooming

Este é um comportamento específico de ratos dominantes na hierarquia. Eles podem ser bem insistentes na ideia de que seus subordinados limpem seu pelo e usam isso para reforçar sua posição de rato-chefe. Há várias maneiras do rato dominante exigir grooming de seus companheiros de gaiola: faz grooming forçado em outro rato e depois pára para que o outro rato “retribua o favor”; ou deita de costas e desliza por baixo do rato subordinado; ou puxa a cabeça do outro com as patas para a região que precisa de atenção; ou “ladeia” até o rato subordinado e, em seguida, espera, de cabeça baixa e sem nenhum sinal de agressão, mas ainda dominante. Alguns chegam com tudo, empurrando e chutando o outro rato até que este se entregue e entenda o que é exigido. Grooming é uma parte tão importante da vida de um rato que, caso ele não entenda os sinais, pode sofrer agressões crescentes até que aprenda o que é pedido ou piore ainda mais as agressões.

O grooming forçado geralmente ocorre de um rato dominante a um submisso, embora geralmente os ratos que estão no topo da hierarquia possam recorrer a qualquer rato e esperar/exigir grooming quando quiserem. No entanto, normalmente, um ou dois ratos no grupo são os principais responsáveis pelo grooming de todos, sendo alvos constantes de grooming forçado. Em geral, são ratos altamente sociais, não necessariamente na base da hierarquia, mas muito seguros de sua posição dentro da colônia.


Outros comportamentos

Cheirar o traseiro
Uma saudação geral entre ratos é cheirar a parte traseira do outro. De um modo geral, em ratos que se sentem confortáveis entre si, isso é leve e breve. Em ratos desconhecidos, o rato dominante pode ser mais proativo, virando e imobilizando o outro para dar uma boa cheirada nos genitais da vítima. É a versão de ratos de descobrir tudo sobre o outro. O cheiro na urina informa sexo, idade, maturidade, posição social e quão saudáveis eles são. Um rato pode, às vezes, lamber uma gotinha de urina para avaliar melhor o recém-chegado.

Marcação
Marcar se trata de deixar pequenas gotículas de um tipo especial de urina à medida que andam. Esta não é uma micção verdadeira, mas sim o uso da urina como carreadora de químicos repletos de informação sobre o estado físico de um rato: sexo, saúde, aptidão potencial como companheiro ou concorrente. Quando um rato cheira a marcação de outro, faz de uma maneira bem profunda, especial para focar o cheiro em uma parte específica do nariz do rato que se especializa na interpretação desta informação.

Ratos marcam dependendo do seu status social: geralmente os mais dominantes ou aqueles que gostariam de ser, tendem a marcar mais. Os machos também marcam mais do que as fêmeas. Ratos marcam toda e qualquer coisa, mas, principalmente, coisas que seguram bem o cheiro (superfícies brilhantes são boas para isso, assim como telefones celulares e controles remotos), novo território (tudo o que você limpou recentemente... e a mesa no veterinário) e lugares com algum cheiro que se deseja cobrir (por exemplo, marcação de outros ratos ou nossa pele). Limpar imediatamente um local recém marcado geralmente faz com que ele seja ainda mais marcado. Portanto, se isto te incomoda, pode usar uma “roupa de rato” (sempre a mesma) e uma "manta de rato" para cobrir roupas e superfícies a fim de reduzir a quantidade de marcação.


Comportamento submisso

Virada submissa
Um rato submisso, muitas vezes, vira e expõe a barriga para cima (ou para o rato dominante) em resposta ao mínimo sinal de dominância. Quanto mais submisso o rato, em geral, mais rápido eles viram. Esse comportamento tende a aplacar o rato dominante antes que qualquer ação mais grave aconteça. Também é de praxe que filhotes e jovens se virem rapidamente para ratos mais velhos. Problemas podem ocorrer quando um rato vira de forma submissa quando o dominante, na verdade, quer grooming. Isso pode levar a alguma confusão, já que as tentativas do dominante de comunicar o que precisa tem como resposta do rato submisso uma postura ainda mais mole e submissa, soltando uma série de "pips" em protesto e confusão.


Cabeça e corpo abaixados
Um rato submisso ou um rato que deseja evitar uma briga frequentemente se aproxima de um rato dominante com a cabeça ligeiramente abaixada, também pode virar o nariz para longe do outro rato. Normalmente, carregam seu corpo perto do chão, fazendo com que seu andar pareça rastejante e hesitante. Esse comportamento é frequentemente observado em ratos que se aproximam de um rato dominante por algo que eles querem (como comida) ou quando solicita grooming (ao invés de exigir). A ideia por trás disso é encorajar o rato dominante a não atacar ou ir embora, tentando parecer o menor possível. Isso não deve ser confundido com “serpentear/ladear” que é uma postura agressiva, onde a cabeça será abaixada, mas voltada para a vítima, com dentes geralmente à mostra, pelo ereto e o corpo voltado lateralmente, visando parecer tão grande quanto possível.


Brigas, agressão e comportamento dominante

Ratos às vezes brigam entre si, como brincadeira ou mais seriamente. Este assunto é amplo o suficiente para gerar um texto mais detalhado, incluindo informação sobre como diferenciar comportamentos agressivos/dominantes.


Brincando de lutinha

Tal como acontece com os animais sociais mantidos em grupos, é necessário um certo nível de luta para estabelecer e manter a hierarquia enquanto adultos, ou por diversão quando filhotes. Isso varia muito de acordo com a idade, sexo e, também, de grupo para grupo. Estas lutas tem início a partir do momento que os filhotes tem idade suficiente para realmente começar a interagir com seus pares. Isso os treina para a vida e também é uma brincadeira divertida para filhotes energéticos. Muitas vezes haverá um filhote que se destaca como vencedor da maioria das lutas, mas isso raramente é uma indicação de quem será o rato dominante ou alfa mais adiante. Alguns adultos continuam a 'brincar' na vida adulta. Isso pode ser diferenciado de brigas mais sérias pelas abordagens divertidas e brincalhonas dos envolvidos. Numa situação assim, é raro que um seja imobilizado por muito tempo, e assim que liberado, este pode tentar reiniciar a brincadeira. Outra marca desta modalidade é que qualquer rato pode vencer, independentemente de suas habilidades de luta ou posição na colônia. A brincadeira pode até se transformar em uma sessão prolongada de grooming. Vejo que a brincadeira de luta é muito mais comum em grupos de irmãos do que em grupos mistos. Os ratos que crescem brincando juntos, muitas vezes, nunca param realmente.


Saltitar

É um comportamento de brincadeira tal como brincar de luta, não um sinal de agressão. Parece que as pernas do rato são feitas de molas: todo o corpo parece tenso, mas a expressão e a linguagem corporal são bem abertas, ansiosas e brincalhonas. Muitas vezes, eles pulam na vítima, depois saltam loucamente pela gaiola, apenas para retornar e atacar novamente. É semelhante às crianças que brincam de pique-pega, mas podendo ser interrompida por sessão de grooming tanto na vítima do ataque, como praticado por ela. Saltitar é geralmente comportamento de filhote. No entanto, alguns ratos adultos continuam a saltitar até o fim da vida. Geralmente é associado à excitação e à brincadeira. Saltitar muitas vezes se transforma em um “ataque”, caso algum infeliz atravesse o caminho do rato saltitante.


“Ataque”

É aí que um rato tenta pular sobre sua vítima, normalmente para montá-los. É particularmente comum em filhotes e ratos jovens, mas mais raro em ratos adultos, que geralmente preferem se ladear/serpentear na direção da vítima. Muitas vezes, um rato jovem não escolhe muito quem atacam, saltando alegremente na cabeça, no lado, na traseira ou nas costas de sua vítima. Adultos tendem mais para o ataque voltado para o traseiro. Um ataque de filhote é geralmente interrompido muito rapidamente à medida que se desloca para o próximo alvo, já um de adulto é normalmente breve e raramente se transforma em luta agressiva.


Lutas de adulto

Uma vez crescendo um pouco mais (cerca de 3 meses de idade), filhotes iniciam o equivalente à fase adolescente (geralmente em torno de 6 a 12 meses de idade). Então as lutas podem assumir um aspecto mais sério e às vezes mais violento. Isso é particularmente verdadeiro em machos que recebem um aumento súbito de hormônios que podem confundi-los e, em casos extremos, torná-los agressivos com outros ratos. Nem todas as lutas de adultos são ruins. Na verdade, a maioria é uma parte perfeitamente natural no grupo. Muitas vezes aplicamos emoções humanas a essas situações e nos convencemos de que todas as lutas vão estressar e feri-los. É importante reconhecer que os combates verdadeiramente agressivos e violentos podem causar problemas. Portanto, o comportamento deve ser observado e atitudes devem ser tomadas de acordo com a situação.


Comportamento dominante ou agressivo?

É importante saber quando seu rato está sendo agressivo ou simplesmente sendo dominante. Um rato agressivo é aquele que pode levar as coisas a uma briga ou lesão, enquanto um rato dominante tende a ficar calmo e tolerante enquanto deixa claro seu ponto de vista. Os ratos dominantes geralmente devem ser deixados para resolver a situação, a menos que se transforme em bullying. Ratos agressivos em geral devem ser interrompidos ou distraídos até que a agressão se acalme. No entanto, isto é muito relativo, só com o tempo vai se aprendendo a julgar bem.


Ladeando/Serpenteando

Aqui o rato move-se de lado na direção de outro rato. A perna traseira mais próxima normalmente vai na frente, e o rosto mantido baixo, voltado para a vítima. A postura torna-se mais agressiva quando combinada com pelo eriçado e a cauda sendo movida de um lado para o outro (isto é um sinal de excitação / emoção extrema, mas é agressivo nessa situação). Este comportamento muitas vezes vem antes do chute lateral ou empurrão ou ainda ataque com mordida.

Ratos “ladeiam” geralmente quando não têm certeza de que podem vencer o oponente ( por isso a cabeça baixa e virada para o objeto de sua atenção). Ele protege as áreas mais frágeis (garganta, barriga) e garante que ele possa observar o outro rato, enquanto apresenta as costas e traseiro como alvos mais próximos. É esta insegurança que acaba piorando as coisas, pois as brigas mais sérias ocorrem com ratos que não tem certeza de si mesmos.


Empurrão

O rato normalmente se desloca até sua vítima e depois dá um encontrão. Isso normalmente será usado para intimidar ou afastar a vítima de uma área específica, por exemplo, fora de uma prateleira ou de sua rede favorita, o que pode ser sério se houver uma queda longa. Torna-se mais agressivo quando vira repetitivo e a vítima não tem mais permissão para ficar em lugar algum.


Chute lateral

Isso é semelhante ao empurrão, mas a vítima recebe um chute rápido. Dado o comprimento das pernas e a força do chute, raramente causa danos mais sérios. Também pode ser usado como manobra defensiva pela vítima de um “ataque”, especialmente quando o atacante é um jovem que tenta brincar de lutinha com um rato mais velho. Um golpe rápido na barriga do ofensor para fazê-lo desistir (mas, dado o entusiasmo e o otimismo eterno dos ratinhos, isso raramente funciona).


Monta

Aqui é onde um rato simula uma cópula com o rato-alvo. É uma exibição de dominância, mas não é realmente um problema, a menos que seja exagerado. Se um rato está montando seus companheiros de gaiola com frequência, ou assediando-os por muito tempo, pode ser porque o rato tem mais hormônios do que é bom para ele (cara, muito engraçado! Por favor, muda isto pq eu só consigo rir). A castração deve resolver esse problema e aliviá-lo da sua óbvia tensão sexual. Se você não nota esse comportamento, às vezes pode ver o resultado, na forma de uma mancha grudenta no pelo do traseiro. Ratas, às vezes, também fazem isto, embora seja mais comum em machos. No entanto, se a rata estiver no cio, é normal que suas companheiras de gaiola montem ela, não sendo um sinal de dominância excessiva. Filhotes costumam simular a cópula após um “ataque”, isso normalmente é bem rápido e raramente pra valer até que os hormônios aumentem mais tarde na vida.


Imobilização

Um rato imobiliza o outro com as patas dianteiras, geralmente depois de ladear o oponente, ou como consequência de uma “luta de boxe”. Pode ser seguido por grooming de dominância.


Perseguição

Esta é uma versão mais adulta do “saltitar”. Neste caso, a vítima geralmente fugirá para evitar o confronto, seguido de perto por seu perseguidor. O perseguidor visa iniciar o comportamento de dominância para confirmar-se como dominante. A vítima deseja evitar isso. Se o rato dominante pega ou encurrala a vítima, muitas vezes começa outra forma de dominância: às vezes atacando e imobilizando, às vezes com grooming forçado, mais raro com uma mordida na nuca. Se a vítima não se render e permitir que isso aconteça, um "frente à frente" pode ocorrer, possivelmente levando à uma luta de boxe ou a uma briga mais séria.

De um modo geral, se a vítima permitir que o rato dominante prove seu domínio de forma adequada, a perseguição acabará. Mesmo assim, às vezes o agressor pode não ficar satisfeito com a rendição do outro, continuando a perseguição constantemente, não permitindo que a vítima descanse. Este é um comportamento agressivo extremo e deve ser interrompido, possivelmente pensando na castração do rato ofensor, se ele continuar. Isso não deve ser confundido com a vítima não ceder e permitir que o agressor prove sua dominância… neste caso, deve-se considerar a castração da vítima em vez do agressor.


"Frente à Frente"

Um "frente à frente" ou confronto ocorre quando dois ratos se encontram num ponto onde a hierarquia não está estabelecida. Ambos se enfrentam e ficam “posando”, sem mostrar sinal algum de submissão ou desistência. Isso geralmente evolui a partir de uma cheirada no traseiro. Em seguida, um deles irá se opor e eles enfrentarão um ao outro, ambos com a cabeça levemente levantada e boca ligeiramente aberta, mostrando os dentes. Isso pode ser seguido ainda pelo abanar de cauda, pelos em pé e bater dos dentes. Numa reação menos agressiva, ambos ficam em pé e iniciam uma "luta de boxe".

Esta fase pode não ir adiante se um dos ratos levar a cabeça abaixo do nível do olho ou nariz do outro rato, sendo este um sinal de submissão. O vencedor irá, provavelmente, cheirar agressivamente, ladear, talvez chutar e, em seguida, imobilizar o outro, seguido de grooming forçado, embora mais alguns enfrentamentos possam ocorrer (geralmente de duração bem curta) antes que a paz se restabeleça.


Boxe

Esta é uma versão incrementada do "frente à frente", em que ambos ficam em pé de frente um para o outro, a boca ligeiramente aberta e os dentes expostos. Ambos tentam parecer o maior possível, inclusive eriçando os pêlos, numa tentativa de fazer o outro desistir, sem recorrer à luta de fato. Os ratos podem passar um bom tempo fazendo isso, nem recuando, nem seguindo adiante para uma briga mais séria. Às vezes, o boxe segue com ambos tentando empurrar o oponente com uma pata apenas para ser bloqueado pela pata dele. Isso pode levar a uma dança em câmera lenta quase hipnótica à medida que os ratos golpeiam e bloqueiam e depois voltam a se aproximar (QUE VIAGEM! RSRSSRS). Em alguns casos, um rato irá baixar a cabeça e se render, em outros casos, o vencedor conseguirá empurrar o outro rato e dominá-lo. Boxe raramente leva a uma briga séria sem algum tipo de transição para outro comportamento. Raramente é visto entre um alfa e um subordinado, sendo mais provável entre um par de jovens beta que ainda não confia em suas habilidades para ganhar uma luta.


Briga para valer ou “Bola de rato”

Isso é, felizmente, muito raro entre ratos e, na maioria dos casos, acaba alguns segundos depois. Dois ratos, depois de terem posado um para o outro durante um tempo, de repente se lançarão um ao outro e acabarão numa bola de pêlos, dentes e garras. Este é o ponto em que podem ocorrer ferimentos graves e devem ser impedidas logo, usando um spray de água ou tecido grosso (como uma toalha) para proteger suas mãos. Mesmo um rato que nunca mordeu ou mostrou qualquer agressão contra pessoas morderá qualquer coisa ao alcance de seus dentes nesta situação.

Fonte: http://www.isamurats.co.uk/rats-fighting-aggression-and-dominant-behaviour.html



Publicado originalmente no Facebook em 23 de Junho de 2017

Estrutura social dos ratos



Ratos vivem naturalmente em grupos sociais complexos, compostos de uma hierarquia definida, onde cada rato conhece seu lugar. Um rato seguro na sua hierarquia é geralmente um rato feliz. Os problemas geralmente acontecem quando a estrutura social muda por algum motivo, seja pela introdução de novos ratos, por doença, mudança no ambiente, ou ainda, um aumento nos hormônios que pode levar um dos ratos a querer mudar seu status. Compreender a posição de seus ratos no grupo pode ajudá-lo a entender mais sobre o comportamento e entender melhor algumas das interações vistas. A hierarquia é muito mais fácil de observar em grupos maiores, superiores a 4 ratos, geralmente dando uma imagem muito mais rica da interação social. Os termos Alfa, Beta e Zeta são frequentemente usados na pesquisa científica.

O Rato Alfa

Esta é a posição mais importante na colônia: o rato Alfa geralmente tem a maior influência na vida diária do grupo. Ele é o rato dominante, muitas vezes também o mais forte e confiante. Isto é, em parte, devido à sua capacidade de ganhar nas lutas - mas em grupos de machos também deve-se levar em conta que o alfa pode inibir o crescimento dos demais ratos. Ocasionalmente, um rato pequeno com atitude suficiente pode se tornar alfa de uma colônia, mais por preguiça e pela falta de movimentação dos outros do que qualquer outro motivo. Um bom alfa é uma benção na gaiola... muitas vezes eles também são difíceis de detectar. Um bom alfa não vai lutar com seus subordinados, embora ele possa intervir para resolver as disputas e geralmente ganhará a maioria das batalhas de que participa. Geralmente, ele controla gentilmente e de longe, agindo como um rato normal. Mesmo na presença de mudanças súbitas na hierarquia, como a adição de um novo rato, o bom alpha normalmente se mantém tranquilo, com apenas o mínimo de dominância necessária, desde que o novato se submeta.

Um alfa fraco é aquele que abusa de sua posição: passará a maior parte do tempo importunando seus subordinados, e pode tornar-se territorial com outros ratos e humanos. Isso pode variar de um comportamento agressivo direto ao bullying persistente de um ou dois ratos na gaiola. Muitas vezes, é desencadeado por um excesso de hormônios (mais comum em machos do que em fêmeas) e muitas vezes é resolvido com castração do agressor. Uma gaiola que contém um alfa ruim raramente é tranquila, com os subordinados travando mais brigas enquanto o grupo inteiro fica acuado. Muitas vezes, a única maneira de resolver isso é mudar o equilíbrio de poder, embora às vezes, quando a causa é um aumento de testosterona, ele possa voltar ao normal ao longo do tempo. Pode ser muito difícil introduzir novos ratos em um grupo liderado por um alfa ruim. Um rato deste tipo também pode se beneficiar de um tratamento mais dominante pelo proprietário, pois isso o ajuda a relaxar e não se importar tanto em algumas situações.

O rato alfa pode sofrer por estresse ambiental de forma mais profunda do que outros ratos. Talvez você note que o seu alfa mostra mudanças comportamentais, até mesmo decaindo na saúde geral após uma interrupção significativa no seu mundo. Isto deve-se a uma maior responsabilidade que eles sentem em proteger e manter a estabilidade na colônia. Em tempos de mudança e agitação, observe primeiro o seu alfa para julgar o grupo como um todo.


O Rato Beta

Um beta é tipicamente o número 2, ou vários ratos no grupo que são dominantes, mas submissos ao alfa. Para observar completamente o comportamento beta, você precisa de um grupo de, no mínimo, 3 com a combinação certa de indivíduos. Isso pode levar à presença de mais de um beta na gaiola e adiciona uma dimensão extra à política da colônia. Dentro do grupo beta haverá uma hierarquia estruturada, com o beta superior atuando como o número 2 do alfa. Muitas vezes, o beta é o mais dominante na gaiola, de modo que muitas vezes pode ser confundido com o alfa. O beta é aquele que muitas vezes assumirá o controle se algo tirar o alfa da jogada. Em um grupo com um alfa sólido, a principal fonte de problemas pode vir de um jovem beta aspirando “Alfatude”. Os beta também são os mais propensos a se ofender com a chegada de novatos, sentindo necessidade de estabelecer uma posição mais forte do que um alfa que sabe que manda e tem pouco problema em se impor.


O Rato Zeta

Estes ratos são geralmente os que estão na base da pirâmide, ou ainda, muitas vezes são marginalizados, até certo ponto. Na natureza, esses ratos são frequentemente isolados e parecem desistir e morrer sem causa aparente. Em colônias de ratos pet, no entanto, muito raramente vemos este comportamento. Geralmente, o que se vê é um rato que evita ativamente certos ratos no grupo, principalmente os alfa e beta. Ele passa algum tempo com outros ratos, mas, caso apareça um dos ratos mais dominantes, especialmente aquele que escolheu intimidá-lo, ele sairá para dormir em outro lugar. Ele também pode ser vítima de bullying, sendo perseguido e excluído por um indivíduo ou grupo de ratos dominantes. Esta posição geralmente pode ser ocupada por ratos que não entendem os sinais sociais do grupo, por isso falham na comunicação. Ele pode ter sido um rato solitário no passado ou criado em um pequeno grupo, com pouca interação da mãe. Este status também pode ser ocupado por ratos que simplesmente não entendem a sua posição no grupo, muitas vezes jovens "adolescentes" ou que têm a atitude, mas não a robustez necessária para se impor na força. A recusa em dar os “sinais certos” de submissão para os ratos dominantes pode gerar um problema ainda maior que qualquer agressão do rato dominante. Em alguns casos, o rato Zeta está nesta posição por nenhum outro motivo senão o de ter sido escolhido como alvo de bullying ou algo que o valha. Isso significaria resolver o problema no rato agressor. Transferir o rato zeta para outro grupo também pode ajudar, se isto for uma possibilidade, já que ele pode florescer em um ambiente diferente.

Nem sempre há um rato zeta na colônia, especialmente em grupos estabelecidos. No entanto, quando existe um, eles geralmente não conseguem prosperar e parecem ser mais suscetíveis a infecções. Mesmo porque, com maior disponibilidade de comida e pela interação humana, ele dificilmente vai desistir como sua contrapartida selvagem. Se ele for magro, com dificuldade de comer ou beber, vale a pena aumentar o número de bebedouros ou espalhar comida nos andares da gaiola (se isto já não é feito). Para fazer isso, você deve tentar identificar o que causa o comportamento: o rato zeta mostra comportamento submisso? Ele simplesmente evita todo o confronto e corre? Se isso acontece, vale a pena considerar a castração do rato zeta.

fonte: http://www.isamurats.co.uk/rats-interacting-with-other-rats.html

Publicado originalmente no Facebook em 21 de Junho de 2017

Introduzindo Novos Ratos



Nunca devemos incluir um novo rato numa colônia já existente sem a certificação de que a apresentação foi efetiva. Os ratos tem características e personalidades individuais, o que faz com que cada um lide da sua própria maneira com os novatos, alguns ratos precisam de maior atenção e paciência (demandando um maior tempo), outros aceitam com maior facilidade. Uma primeira apresentação feita de forma incorreta pode levar a confrontos violentos, ocasionando ferimentos e altos níveis de stress.
Abaixo estão descritos alguns procedimentos básicos de introdução seguidos de cenários específicos.

Procedimentos básicos de introdução

Quarentena
Não é seguro incluir um novo rato à sua colônia antes que este passe por um período de observação, pois evita possíveis contaminações aos ratos residentes, este período é chamado de quarentena. A quarentena dura em torno de 2-3 semanas, devendo ser realizada em ambientes separados.
Se o novo rato apresentar sinais de doença, leve-o ao veterinário. O processo poderá ser reiniciado após o rato não apresentar mais sintomas de doença.

Deixar o mesmo cheiro em todos os ratos
Cada rato exala um aroma próprio, reduzir ou disfarça-lo pode facilitar uma nova apresentação. Algumas pessoas passam algumas gotas de óleos essenciais ou extrato de plantas nas costas dos rato para disfarçar o cheiro.
Se o novo rato for territorialista, você pode dar banho em todos eles usando shampoo neutro para bebê, com pH controlado. O banho deve seguir uma sequência e deve ocorrer em local neutro, iniciando com o novo rato e em seguida os ratos da colônia.

Apresentando em local neutro
Escolha um local que seja neutro para todos os ratos, ou seja, nenhum deles nunca passou por ali. Alguns lugares interessantes são: banheira, mesa da cozinha ou uma bancada. Se o novato for um bebê ou um rato mais assustado, é aconselhado fazer essa apresentação no colo.
Nesta etapa, você deve supervisionar os ratos com atenção. O tempo de apresentação pode variar de acordo com o sexo e personalidades dos ratos.
Se você notar que houve uma boa aceitação, pode mantê-los por algumas horas neste espaço, dando mais tempo para se adaptarem e conhecerem. Mantenha comida e água à vontade. Em seguida, coloque-os de volta na gaiola. Se a primeira apresentação não for muito boa, separe-os e refaça o mesmo processo algumas horas depois.

Retornando à gaiola

Antes de colocar os ratos de volta no alojamento, limpe todos os acessórios (redes, túneis, potes de água e comida etc) e o piso com vinagre e álcool diluídos em água para eliminação dos antigos cheiros. Mudar os acessórios de lugar também pode ajudar na aceitação.
Após realizar a apresentação dos novos ratos no local neutro escolhido, coloque todos os ratos no alojamento já limpo.
Caso o novo rato seja filhote, o ideal é que seja incluída uma toca onde apenas ele caiba, pois se sentirá mais seguro. Se houverem confrontos intensos ao colocá-los na gaiola, retire o novo rato e refaça o procedimento de apresentação após alguns dias, no geral, de 2 a 3 são suficientes, mas pode variar..
Ao aumentar a sua colônia é essencial fornecer-lhes um alojamento grande o suficiente para acomodar confortavelmente todos os ratos. Uma gaiola muito pequena pode fazer com que seus ratos apresentem comportamento agressivo, tanto para você quanto um para o outro. Reduzindo as chances de aceitação e aumentando a chance de gerar um trauma.

Cenários específicos

Agressão

Ao colocar todos os ratos no alojamento poderão ocorrer diversas disputas, pois é desta forma que ratos da colônia decidem sua hierarquia, o dominante da colônia será definido assim. Durante essas disputas, poderão ocorrer gritos ou grunhidos de dominação, mas não interfira se não houver sinais de lesão ou agressão graves. Em alguns dias, as disputas diminuirão. Às vezes, o novo rato é quem torna-se o dominante.
Qualquer disputa que torne-se violenta deve ser separada imediatamente, use uma toalha ou luva para retirar o rato agressivo, eliminando a possibilidade de ser mordido. Quando um rato estiver se preparando para atacar apresentará alguns sinais como arquear as costas, ranger os dentes e ouriçar os pêlos. Se notar alguns destes sinais, fiquei preparado para separar uma possível briga.
Se houver um rato antigo relutando em aceitar o novo, deixa o antigo rato em outra gaiola por um ou dois dias, isso fará com que o novato tenha tempo de tornar a gaiola sua. Ao retornar com o antigo rato, os papéis irão se inverter.
No caso de colônia de machos, a castração costuma influenciar para uma boa aceitação. Caso não haja nenhuma alteração de comportamento, este pode ser um dos poucos ratos que não aceitam viver com outros ratos.

Medo

Alguns ratos tendem a ser mais assustados, ficando a maior parte do tempo dentro de sua toca e saindo apenas para beber água e buscar comida até retornar para casa e sentir-se seguro. Em alguns momentos, estes ratos podem ficar de pé sobre as patas traseiras e gritar no caso de outro rato aproximar-se. Ele poderá se sentir ameaçado com maior facilidade que outros ratos, atacando outros ratos para se prevenir. Neste caso, a apresentação deve ser feita com ainda mais paciência, levando um maior tempo.

Apresentação entre adultos

Machos adultos são casos que podem trazer o maior desafio entre todas as apresentações, e seguir os procedimentos com cautela é realmente necessário. Eles tendem a ser mais territorialistas do que as fêmeas, por esse motivo a tensão nos confrontos pode ser maior quando colocados com outro macho adulto.
Alguns machos passam a vida sozinhos após passarem por traumas devido a uma introdução inadequada, e não aceitar outros ratos.

Apresentando bebês para adultos

Na maioria das vezes, os ratos adultos costumam ser ótimos "tios (as)". De qualquer maneira, ao incluir um filhote em uma colônia de adultos a atenção deve ser dobrada. Os filhotes devem ter no mínimo 6 semanas de idade.
Se houver problemas com a introdução ou se os ratos ficam "perseguindo" o bebê, retire-o e aguarde até que ele seja mais velho, e só então, tente novamente.
Ao incluí-los no local neutro, é aconselhável que você envolva os ratos adultos com as mãos, a fim de intervir rapidamente em caso de problemas.
Se os ratos forem machos fique atento se o adulto cheira o filhote excessivamente, retire o filhote para limpar suas costas, patas e barriga, e só então coloque-o novamente no alojamento. O maior alvo de ratos filhotes serão as fêmeas, que serão atacadas em várias oportunidades. Isso é traumático, e um dos dois deve ser removido até o bebê ter em torno de 8-10 semanas.
Raramente ratos adultos não aceitarão um filhote. Se ocorrer, o ideal é que o filhote seja retirado até ser maior. A fim de evitar maiores problemas.

Apresentando casal de reprodutores

Ao apresentar um casal nesta situação, não há necessidade de mascarar ou aliviar os aromas naturais dos ratos. Quando colocá-los na gaiola de reprodução, deixe disponível uma caixa ou toca onde apenas a fêmea consiga entrar, para o caso dela precisar se afastar do macho.
O melhor momento para esta apresentação é durante o cio da fêmea, que é caracterizado por costas arqueadas e a traseira levantada, apresentando certos momentos de vibração no corpo e também mexendo as orelhas. Quando tocada, uma fêmea no período de cio busca sua mão para ser acariciada.
Quando a fêmea não estiver pronta para a reprodução, ela desprezará as tentativas do macho. Em situações de insistência, um ou ambos poderão se machucar.
Após a cruza os ratos poderão retornar para os seus alojamentos onde dificilmente haverão conflitos. Se o rato que voltou for muito assediado pelos demais, dê um banho nele para remover o cheiro da fêmea. Separe-os logo após a fêmea você ter certeza sobre a gravidez da fêmea.

Fonte:
http://ratguide.com/care/behavior/introducing_rats.php

Publicado originalmente no Facebook em 13 de Junho de 2017.